terça-feira, 9 de novembro de 2010

Quando o aborto passa a ser benéfico para a sociedade

Esse artigo valeu como minha avaliação intermediária na disciplina Jornalismo Opinativo e Interpretativo, 7º período de jornalismo Uni-BH.

Discutir o aborto no Brasil é iminência de polêmica. Somos proporcionalmente o país com maior número de cristãos do planeta e a Igreja Católica define claramente sua posição perante o assunto: é totalmente contrária. Sendo assim, a discussão fica emperrada, subjetiva e voltada paras as questões da fé, esquecendo o lado humano e sociológico cabível ao caso.

O tema não é novo, mas tomou vulto nos últimos anos e, a utilização nos programas eleitorais dos candidatos a um cargo público é apenas um reflexo da relevância do assunto para a sociedade brasileira. Nosso país carece de planejamento familiar. A utilização de programas do tipo em outras nações alcançou resultados positivos e é de lá que deveríamos retirar o exemplo.

O nascimento de uma criança é motivo de alegria para uns, mas pode se tornar indesejado por outros. Deveríamos pensar o caso levando em consideração o aparato disponibilizado pelo Estado para indivíduos que nascem sem condições de usufruir do setor privado, na área da educação, saúde, lazer ou segurança pública, esferas claramente precárias no Brasil.

Estudos mostram que a violência está diretamente ligada a estrutura familiar do individuo. Ou seja, a criança que não dispõe de uma base familiar sólida está propensa a esse quadro. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostram que os números de crimes violentos diminuíram em cidades onde o aborto é legalizado.

Talvez, o fato de se retirar uma criança do útero da mãe é a ultima e mais drástica providência a ser tomada, já que uma política de distribuição e conscientização da coletividade a respeito dos métodos anticontraceptivos poderia contribuir bastante para a não formação de famílias sem nenhuma estrutura. Mas esbarramos em outro fato condenado pelo cristianismo. O uso de anticoncepcionais é visto pela igreja como pecado contra a vida, assim como o aborto.

Dessa forma, é uma discussão que não leva a lugar nenhum, enquanto não desvincularmos a religião e a subjetividade do governo e das leis. O Estado deveria ser laico e defender os interesses da sociedade em primeiro lugar. E, nesse caso, o melhor a se fazer pela coletividade é claro e óbvio. Enquanto as duas esferas não se separarem, a legalização ou proibição do aborto é um assunto sem solução, dando margem para se tornar plataforma de governo e promessa de campanha de políticos oportunistas.

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